quarta-feira, 27 de junho de 2012

Peptídeos sintéticos para melhorar o imunodiagnóstico das leishmanioses humana e canina


Post de Rayssa Carvalho
A Leishmaniose Visceral é uma zoonose, causada pela Leishmania infantum, que tem como principal hospedeiro o cão. No Brasil, utiliza-se a Imunofluorescência indireta (RIFI) e o ELISA como principais testes diagnósticos. Entretanto, a especificidade e sensibilidade destas técnicas são comprometidas pelo uso de uma complexa mistura de antígenos, que reduz a acurácia destas favorecendo a manutenção de cães doentes, o que tem comprometido o controle da doença que é baseado na eliminação destes. Neste contexto o uso de combinações de antígenos, previamente definidos, aparece como uma alternativa favorável e que pode gerar melhores resultados. 
Com base nisso, o estudo com o título indicado acima do post (doi:10.1371/journal.pntd.0001622), testou combinações de peptídeos derivados de antígenos já utilizados no diagnóstico de Leishmaniose em soros de 106 cães e 44 pacientes humanos.
Os cães foram divididos em três grupos. O primeiro grupo é constituído por 14 soros negativos para leishmaniose; o segundo grupo é formado por soros de cães doentes, sendo 17 sintomáticos e 13 assintomáticos, oriundos de uma mesma área endêmica. O terceiro grupo é formado por 62 amostras, oriunda de diversas áreas endêmicas. Todos os soros foram testados sorologicamente (RIFI e ELISA) e parasitologicamente (PCR e esfregaço de medula óssea). Os soros positivos foram também divididos de acordo com a reatividade na RIFI em: baixa reatividade (n=20)(<1:320);intermediária (n=20)(>1:320<1:640) e alta reatividade (n=22)(>1:640).Os soros humanos foram obtidos de pacientes com Leishmaniose Visceral ativa.
As proteínas A2 (peptídeo 47), NH (peptídeo 17 e 18), LACK (peptídeo 19) e k39 (peptídeo 13) foram selecionadas de epítopos de células B, através de técnicas de bioinformática, e os peptídeos sintéticos derivados destas foram testados por ELISA nos soros selecionados.
Todos os peptídeos foram capazes de detectar os soros positivos tanto de cães sintomáticos como dos assintomáticos. Uma alta sensibilidade (100%) foi detectada em todos os peptídeos quando foram testados, individualmente, em cães com alta reatividade na RIFI. Entretanto, houve uma diminuição dessa sensibilidade, quando foram testados os soros de intermediaria a baixa reatividade na RIFI.
Para testar a hipótese de que a combinação de peptídeos poderia aumentar a sensibilidade do ELISA na detecção de LV, os autores fizeram combinações de dois peptídeos cada, e testaram nos soros de cães com baixa e intermediaria reatividade.
Nos soros com baixa reatividade, os peptídeos 13 e19, e 47 e 18 apresentaram os melhores resultados, com sensibilidade de 95% e especificidade de 100%.
Nos soros humanos selecionados, os peptídeos 17 e 19, individualmente, obtiveram os melhores resultados com uma sensibilidade de 100% e especificidade de 81% e 94%, respectivamente (Tabela 3). A combinação de peptídeos aumentou a sensibilidade e especificidade entre os peptídeos 13 e 19, 18 e 19, e 13 e 47 com sensibilidade de 100% e especificidade variando de 93% e 100% (Tabela 3)
Portanto, a combinação de peptídeos sintéticos identificados a partir de epítopos de células B, pode ser uma ferramenta útil no desenvolvimento de testes sorológicos com alta sensibilidade e especificidade na leishmaniose visceral humana e canina. 

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