sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Perfil de citocinas e fenotipagem celular na leishmaniose canina

Post de Eder Fialho
ResearchBlogging.org
No artigo de revisão “Cytokine and Phenotypic Cell Profiles of Leishmania infantum Infection in the Dog” publicado no Journal of Medicine Tropical, as autoras Carla Maia e Lenea Campino reúnem informações sobre o perfil de citocinas e a imunofenotipagem de células nos principais órgãos e tecidos acometidos na leishmaniose canina. Elas enfatizam a necessidade de caracterizar melhor os mecanismos da resposta imune para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficientes.
O paradigma Th1 e Th2 que envolve o mecanismo de resistência e susceptibilidade, respectivamente, na leishmaniose visceral canina, explica cada vez menos a resposta imune ao parasito. Isso se torna mais evidente quando se caracteriza a resposta de forma órgão-específico, onde as citocinas encontradas e a imunofenotipagem das células muitas vezes contradizem o paradigma mencionado acima, revelando que o os sistemas do hospedeiro não respondem da mesma forma.
Menezes-Sousa e colaboradores mostraram que na pele de cães naturalmente infectados, o quadro assintomático e baixo parasitismo estão associados tanto com a expressão de IFN-γ, TNF-α e IL-13 como também com o aumento da expressão de fatores de transcrição GATA-3 e FOXP-3. Da mesma forma, o estudo realizado por Strauss-Ayali e colaboradores indicou que tanto a reposta imune tipo-1 e tipo-2 ocorrem no baço de cães experimentalmente infectados. Visto isso, as autoras revisaram a resposta imune no sangue periférico, linfonodo, fígado, baço, medula óssea e pele de cães infectados com Leishmania infatum.
Essa revisão ressaltou a falibilidade dos marcadores para prognósticos na leishmaniose canina. A ideia de que a expressão de IFN-γ seria um bom marcador para cães resistentes ou assintomáticos, não foi confirmada em estudos que observaram altos níveis de expressão de IFN-γ no sangue periférico de cães sintomáticos. 
Pode-se até questionar que o sangue não é o local alvo para a replicação do parasito e por isso não refletir a evolução da doença. Entretanto, o baço, a medula óssea e o fígado, são órgãos onde se encontra uma alta carga parasitária, entretanto, expressando também altos níveis de IFN-γ, indicando que essa citocina não é um bom indicativo da eliminação do parasito.
Do ponto de vista celular, a imunofenotipagem ainda revela muitos resultados contraditórios entre os órgãos, indicando que ainda é necessária mais investigações para estabelecer o perfil celular de resistência ou susceptibilidade ao parasito.
Portanto, o artigo revela claramente a necessidade de mais investigações sobre os mecanismos da resposta imunológica montada em órgãos específicos, pois ainda existem muitos resultados contraditórios, deixando uma lacuna na definição de bons marcadores para prognóstico da leishmaniose canina.
Maia, C., & Campino, L. (2012). Cytokine and Phenotypic Cell Profiles of Leishmania infantum Infection in the Dog Journal of Tropical Medicine, 2012, 1-7 DOI: 10.1155/2012/541571

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