quarta-feira, 23 de março de 2011

Recuperando-se de erros no Pós doc



Post de Lucas Nogueira (UFSC/UCB)

Publicado recentemente na sessão Science Careers do periódico científico Science, o artigo “Recuperando-se de erros no Postdoc” levanta um questionamento interessante sobre erros de postura cometidos por postdocs durante essa fase essencial do treinamento científico. É oportuno ressaltar, entretanto, que existem dois tipos de erros nesse contexto: (i) o erro de entrar no postdoc por pessoas que encaram essa fase como um emprego temporário; (ii) os erros cometidos por pessoas que realmente estão investindo em uma carreira científica somando-se aos erros induzidos pelo próprio sistema. Nesse último aspecto, as Instituições e os investigadores principais (ou os principais responsáveis) são fundamentais. A primeira porque não apresenta programas de aconselhamento ou atividades relacionadas ao desenvolvimento da carreira como workshops sobre como escrever um projeto, falar em público etc; e o segundo porque é produto do próprio sistema: é “produzido” um pesquisador only, ou seja, sem habilidades fundamentais em gestão laboratorial e orientação de estudantes. Dessa forma, o postdoc é visto como um Senior Employee, inclusive no Brasil, não existindo programas específicos de aconselhamento que no final irão promover a formação de PIs com habilidades de gestão, orientação e pesquisa. O artigo contempla a opinião de postdocs e especialistas em educação. Alguns dos principais comentários seguem abaixo:

“O melhor que você pode fazer num postdoc é o que gosta”

“Quano aceitar uma bolsa de postdoc, tenha certeza de que está indo pelas razões certas”

“Eu estava muita entusiasmada sobre a possibilidade de ter um trabalho que não pensei em perguntar como as pessoas no geral se sentiam no laboratório.”

“Alguns ficam muito tempo como postdocs pela falta de plano de carreira” (Elaborar um plano de carreira é fundamental)

“Toda noite quando chegar em casa se pergunte se o que fez durante o dia irá contribuir para o desenvolvimento da sua carreira. Se todo dia a resposta for nada, então você precisa tomar uma atitude”

“Se você se deparar com uma situação insustentável, se pergunte se é do seu interesse ficar no laboratório. Identicar o problema o quanto antes é crucial, pois é melhor perder um ano do que cinco.”

“Escolha o seu orientador com muito cuidado” ( Nesse ponto eu sugiro a criação da carta de recomendação para orientadores, por que não?)

“Os grandes laboratórios podem não ser um bom lugar para o crescimento profissional”.



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2 comentários:

  1. Acho que se investe muito em pós-graduação no Brasil, não que não seja importante, e pouco em pós-doutorado. Talvez pela falta de articulação entre as agências de fomento, as instituições e o próprio governo, pois fornecer somente a bolsa e achar que estão investindo em postdoc é um pensamento ultrapassado. Para ilustrar isso e pra quem tiver interesse, vejam o programa de posdoc recentemente criado na Austria:

    http://www.projects.mfpl.ac.at/vips/content/file/VIPSFolderfinal.pdf

    Esse é realmente um programa sério e estratégico de postdoc na minha opinião.

    Lucas Nog.

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