sexta-feira, 18 de março de 2011

Proinflammatory Clearance of Apoptotic Neutrophils Induces an IL-12low IL-10high Regulatory Phenotype in Macrophages

Post de Sarah Falcão, LIP/CPqGM-FIOCRUZ

ResearchBlogging.org
Neutrófilos (PMNs) são a primeira linha de defesa contra infecção, mas podem gerar injúria tecidual. A resolução da inflamação requer remoção dos neutrófilos. Portanto, neutrófilos entram em apoptose e são fagocitados por macrófagos (MØs) no curso da resposta imune, fenômeno chamado de eferocitose. A eferocitose regula o metabolismo da arginina em MØs e o crescimento intracelular de patógenos protozoários como a Leishmania major, T. cruzi e L. amazonensis.

Macrófagos podem ter fenótipos polarizados a depender do estímulo do ambiente e, assim, exercem papéis distintos nas doenças parasitárias e inflamatórias. Macrófagos classicamente ativados ou M1, são induzidos por IFN-g, apresentam um fenótipo IL-12high, IL-10low, produzem citocinas inflamatórias e participam na resposta Th1. Em contrapartida, macrófagos M2a, são induzidos por citocinas Th2 como IL-4 e IL-13, possuem fenótipo IL-12low, IL-10high, expressam altos níveis de manose e receptores scavenger e produzem ornitina e poliaminas via arginase. Macrófagos M2a participam nas respostas Th2 e expressam funções imunoreguladoras. Uma terceira população de MØs, chamada reguladora ou M2b, é induzida pela ligação do Fc, complemento, ou receptores scavenger. Esse outro fenótipo é IL12lowIL-10high, contudo, produz TNF-a e óxido nítrico (NO), tem baixa atividade de arginase e induz diferenciação em células Th2. Além disso, MØs reguladores apresentam alta expressão de LIGTH/TNF superfamily (TNFSF). Assim, este trabalho visa investigar evidências funcionais e bioquímicas no estabelecimento do fenótipo dos MØs induzido pela eferocitose de PMNs.
Para isso células da medula óssea de B6 foram diferenciadas em MØs (BMDMs) na presença de L929 como fonte de M-CSF. Posteriormente, foram "primadas" com IFN-g, cultivadas com PMNs apoptóticos, e, por fim, desafiadas com LPS. Inicialmente, foi avaliada a produção de citocinas no intuito de averiguar fenótipo dos macrófagos. A produção de IL-12p70 não foi detectada, contudo, secretaram altas quantidades de TNF-a, IL-10 e NO, mostrando que PMNs apoptóticos induzem um fenótipo regulador (M2b) nos MØs. Por sua vez, quando os MØs foram tratados com beads de látex, não foi observada produção de IL-12, IL-10 e de NO, indicando que a somente a fagocitose não induz o fenótipo regulador nos MØs.

Para avaliar o papel da elastase neutrofílica (NE) na diferenciação de MØs, o mesmo ensaio foi repetido cultivando-se MØs com PMNs apoptóticos e um inibidor da NE, sendo observada uma diminuição da produção de IL-10 e NO. Ao cultivar MØs com PMNs apoptóticos e um mAb anti-TLR4, seguido do desafio com LPS, foi vista uma diminuição da secreção de IL-10. Todavia, a secreção de NO não foi bloqueada pelo anti-TLR4, sugerindo que a NE induz diferenciação dos MØs de forma dependente e independente de TLR4. Além disso, BMDMs cultivadas com PMNs apoptóticos expressaram um aumento de LIGTH e SPHK1, característico de MØs reguladores/M2b. Para investigar se MØs reguladores induzem resposta Th2, BMDMs primados com IFN-g foram cultivados com PMNs apoptóticos e, posteriormente, foram cultivados com células T CD4+. Após avaliação de produção de citocinas por ELISA, foi vista uma menor produção de IFN-g e, em maior quantidade, produção de IL-10 e IL-4. Portanto, esses resultados demonstram que MØs reguladores induzem uma resposta Th2 pelas células T CD4+.

Na literatura, já foi demonstrado que eferocitose neutrofílica induz uma resposta pro-inflamatória em macrófagos de B6, resultando na morte da L. major. No intuito de verificar se os resultados obtidos após desafio com LPS se reproduziriam na infecção por L. major, BMDMs foram primados com IFN-g, infectados com L. major e; i) cultivados com PMNs apoptóticos ou ii) primeiramente cultivados com PMNs apoptóticos e depois infectados com L. major. Em BMDMs que foram primeiramente infectadas, o número de parasitas foi menor, mesmo com posterior adição de PMNs apoptóticos. Entretanto, os MØs que inicialmente receberam PMNs apoptóticos e foram posteriormente infectados apresentaram uma maior carga parasitária. Por último, foram desenvolvidos estudos in vitro, onde os animais que receberam L. major na pata juntamente com PMNs apoptóticos tiveram uma carga parasitária menor, enquanto que os animais pré-tratados com PMNs apoptóticos e, 3 dias depois, infectados com L. major, apresentaram um maior número de parasitas. Assim, estudos in vitro e in vivo sugerem que os efeitos da eferocitose, diferenciando macrófagos em reguladores, tornam o hospedeiro permissivo à infecção por L. major.

Portanto, podemos concluir que a eferocitose neutrofílica além de executar um papel na resolução da inflamação, pode contribuir para a persistência parasitária através da indução de um fenótipo regulador dos macrófagos.


Filardy, A., Pires, D., Nunes, M., Takiya, C., Freire-de-Lima, C., Ribeiro-Gomes, F., & DosReis, G. (2010). Proinflammatory Clearance of Apoptotic Neutrophils Induces an IL-12lowIL-10high Regulatory Phenotype in Macrophages The Journal of Immunology, 185 (4), 2044-2050 DOI: 10.4049/jimmunol.1000017

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