quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uso da citometria multiparamétrica em ensaios clínicos

Post de Theolis Barbosa Bessa
Promover o debate sobre como obter os dados mais acurados possíveis partindo de amostras humanas é de extrema importância, levando-se em consideração as grandes lacunas que vêm sendo apontadas no conhecimento de doenças em que o comportamento dos sistemas orgânicos se afasta do que pode ser previsto em animais experimentais de uso corrente [1,2]. O avanço da instrumentação científica tem permitido a utilização cada vez mais intensa de investigações em amostras biológicas humanas como ponto de partida para a proposição e a avaliação de novos medicamentos e vacinas [3-6]. Não apenas mais amostras podem ser processadas em menor tempo, facilitando a avaliação da reprodutibilidade dos resultados em diferentes populações, como também maior número de parâmetros podem ser avaliados concomitantemente, permitindo associação entre variáveis com comportamento conhecido e/ou previsível com outras variáveis em estudo relevantes para o prognóstico e avaliação da proteção. 
Entre as metodologias disponíveis para análises multiparamétricas de células, a citometria de fluxo se destaca pela relativa facilidade de compor análises fenotípicas e funcionais em uma única amostra [3], e sua ampla utilização na pesquisa básica, no estudo de populações celulares diversas definidas por múltiplos marcadores em animais experimentais, contrasta com sua tímida participação em ensaios clínicos como auxiliar nas avaliações de drogas e vacinas experimentais em modelos humanos. Maecker e colaboradores [7] se debruçam sobre as razões que têm impedido a melhor utilização da citometria de fluxo na pesquisa de biomarcadores para este tipo de análises. Parte das limitações são inerentes à avaliação de amostras biológicas humanas, como a influência das variações circadianas e a compatibilidade entre preservação da integridade das amostras e a logística para transporte e avaliação das amostras. A solução de limitações relacionadas à técnica, sua padronização para diminuição da variabilidade inter-ensaio, sua automação para tornar a tarefa de análise de múltiplos parâmetros “user-friendly e o controle da qualidade dos dados têm recebido especial atenção e são abordadas em detalhe no artigo. 
[1] H.B. van der Worp, D.W. Howells, E.S. Sena, M.J. Porritt, S. Rewell, V. O'Collins, et al., Can Animal Models of Disease Reliably Inform Human Studies?, PLoS Med. 7 (2010) e1000245.
[2] R. Dixit, U.A. Boelsterli, Healthy animals and animal models of human disease(s) in safety assessment of human pharmaceuticals, including therapeutic antibodies, Drug Discovery Today. 12 (2007) 336-342.
[3] V.C. Maino, S. Ghanekar, L. Nomura, R. Balderas, The Future of Multicolor Flow Cytometry: A 21 st Century View, ([s.d.]).
[4] A.J. Qavi, A.L. Washburn, J. Byeon, R.C. Bailey, Label-Free Technologies for Quantitative Multiparameter Biological Analysis, Anal Bioanal Chem. 394 (2009) 121-135.
[5] S. Schnittger, M. Weisser, C. Schoch, W. Hiddemann, T. Haferlach, W. Kern, New score predicting for prognosis in PML-RARA+, AML1-ETO+, or CBFBMYH11+ acute myeloid leukemia based on quantification of fusion transcripts, Blood. 102 (2003) 2746-2755.
[6] U. Kammula, O. Serrano, Use of high throughput qPCR screening to rapidly clone low frequency tumour specific T-cells from peripheral blood for adoptive immunotherapy, Journal of Translational Medicine. 6 (2008) 60.
[7] H.T. Maecker, J.P. McCoy, M. Amos, J. Elliott, A. Gaigalas, L. Wang, et al., A model for harmonizing flow cytometry in clinical trials, Nat Immunol. 11 (2010) 975-978.

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