sexta-feira, 30 de julho de 2010

Uma boa demonstração de análise multivariada

O Journal of Visualized Experiments (JOVE) divulgou um vídeo muito interessante, e informativo (Basics of Multivariate Analysis in Neuroimaging Data) no qual compara análise univariada com análise multivariada em resultados de imagem. Na verdade, a comparação entre os dois tipos de análise é interessante mesmo para quem não usa dados de imagens.

Bem importante, veja aqui, há também a versão escrita do artigo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Importância da abordagem e da significância na avaliação dos projetos no NIH



No dia 15 de julho pp, o Dr. Jeremy Berg, Diretor do NIGMS (National Institute of General Medical Sciences) do NIH-EEUU, postou no blog NIGMS Feedback loop sobre o sistema de revisão por pares nos projetos enviados para avaliação pelo NIH.
Em 2 de dezembro de 2008, o NIH divulgou a alteração do seu sistema de revisão de projetos, que se tornaria efetivo para os projetos com início em 2010 (inclui os julgados no final de 2009). Esta divulgação bastante antecipada da alteração dos critérios é importante. Ela é aplicada, desde 2004, no CNPq.
O documento que indica os novos critérios é longo, alguns trechos estão copiados abaixo
The mission of the NIH is to support science in pursuit of knowledge about the biology and behavior of living systems and to apply that knowledge to extend healthy life and reduce the burdens of illness and disability. As part of this mission, applications submitted to the NIH for grants or cooperative agreements to support biomedical and behavioral research are evaluated for scientific and technical merit through the NIH peer review system.
Overall Impact.Reviewers will provide an overall impact score to reflect their assessment of the likelihood for the project to exert a sustained, powerful influence on the research field(s) involved, in consideration of the following five core review criteria, and additional review criteria (as applicable for the project proposed).
Core Review Criteria. Reviewers will consider each of the five review criteria below in the determination of scientific and technical merit, and give a separate score for each. An application does not need to be strong in all categories to be judged likely to have major scientific impact. For example, a project that by its nature is not innovative may be essential to advance a field.
Significance. Does the project address an important problem or a critical barrier to progress in the field? If the aims of the project are achieved, how will scientific knowledge, technical capability, and/or clinical practice be improved? How will successful completion of the aims change the concepts, methods, technologies, treatments, services, or preventative interventions that drive this field?
Investigator(s). ...
Innovation. ...
Approach. ...
Environment. ...
Additional Review Criteria. As applicable for the project proposed, reviewers will consider the following additional items in the determination of scientific and technical merit, but will not give separate scores for these items.
Protections for Human Subjects. ...
Inclusion of Women, Minorities, and Children. ...
Vertebrate Animals. ...
Resubmission Applications. ...
Renewal Applications. When reviewing a Renewal application … the committee will consider the progress made in the last funding period.
Revision Applications. ...
Biohazards. ...
Additional Review Considerations. As applicable for the project proposed, reviewers will address each of the following items, but will not give scores for these items and should not consider them in providing an overall impact score.
Budget and Period Support. ...
Select Agent Research. ...
Applications from Foreign Organizations. ...
Resource Sharing Plans. ...
Este novo esquema representou um aumento substancial nos tópicos da avaliação.
Como o novo sistema passou a funcionar em 2010, o post do Dr. Berg apresenta uma avaliação do desempenho do novo sistema. Ele avaliou, principalmente o uso das notas individuais nos 5 critérios específicos, com ênfase na significância. Este tópico inclui os artigos de pesquisa mais fundamental e o autor destaca que muito tentam explicar a importância do seu estudo com associações distantes com uma área clínica, quando deveriam salientar a sua importância num campo básico. Ele analisou 360 propostas e comparou os escores de significância com o escore global de impacto nestas propostas (gráfico abaixo).

Houve uma correlação (Pearson) de 0,63 (com abordagem – approach – foi de 0,74; 0,54 com inovação; 0,49 com pesquisador e 0,37 para meio ambiente.
Ou seja, abordagem e significância foram os fatores mais importantes, em média, na determinação do valor total de impacto nestas propostas (RO1) no NIGMS. É importante notar que o valor total de impacto não resulta de uma simples soma dos cinco critérios individuais. O peso de cada critério de avaliação no valor total depende da natureza do projeto. Num projeto dirigido para uma abordagem de comunidade, o critério inovação não tem um peso importante. Assim, o projeto pode ter um valor total alto se a abordagem e significância forem forte, mesmo sem inovação. Este é um ponto que as nossas agências precisam refletir. A maioria dos nossos editais apresenta baremas (quadros de notas máximas para cada ítem) que não permitem qualquer flexibilidade inteligente às comissões de avaliação.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Participação de vias mediadas por eicosanóides na regulação da imunidade adaptativa contra o Mycobacterium tuberculosis

ResearchBlogging.org
Post de Theolis Barbosa Bessa.
Publicado originalmente no SBlogI.
A interferência de micobactérias tuberculosas virulentas no tráfico de vesículas intracelulares é bastante estudada como estratégia de evasão à digestão pelas enzimas lisossomais. O M. tuberculosis sobrevive no interior do macrófago em um fagossomo primário, cuja fusão com o lisossomo é inibida pela lipoarabinomanana com resíduo de manose terminal (ManLAM), um fosfatidilinositol manosídeo da parede do bacilo (1).

Divangahi e colaboradores têm demonstrado que, além dessa capacidade de interferir com o tráfico lisossomal para evitar a maturação do fagossomo, o bacilo também interfere com o tráfico lisossomal e de vesículas do Golgi para a membrana plasmática, que constitui um importante mecanismo de reparo da membrana celular (2). Como o bacilo também induz a geração de microrupturas na membrana plasmática, a célula infectada evolui para a morte. M. tuberculosis H37Rv induz a produção de lipoxina A4 (LXA4), inibindo a produção de prostaglandina E(PGE2). A PGE2 induz a exocitose de lisossomos através de uma via dependente de cAMP e elevação do cálcio intracelular, e sua inibição pelo M. tuberculosis impede que a célula repare a membrana plasmática. Além disso, predispõe a célula hospedeira para a necrose, o que os autores demonstram in vitro in vivo utilizando camundongos deficientes na síntese de LXA4 (Alo5-/-) ou deficientes na produção de PGE2 (Pgtes-/-).

Em trabalho recente, Divangahi e colaboradores procuraram estabelecer a importância da inibição da PGE2 pelo bacilo na indução da resposta imune à infecção tuberculosa. Os autores demonstraram que nos camundongos Alo5-/- infectados com M. tuberculosis as células T CD8+ específicas para antígenos da micobactéria acumulam-se mais cedo no linfonodo drenante e nos pulmões, resultando em diminuição da carga bacilar em comparação com camundongos do tipo selvagem (3). O acúmulo precoce de células T CD8+ efetoras contra o bacilo foi dependente da presença de células dendríticas e da apresentação de antígenos via proteína adaptadora de transporte 1 (TAP1) e complexo principal de histocompatibilidade do tipo I (MHC I), além da ocorrência de apoptose mediada por caspases 8 e 9. Os autores sugerem que a indução de apoptose durante o processo inflamatório constitui um mecanismo importante de indução da resposta imune precoce na infecção tuberculosa, por favorecer a apresentação cruzada de antígenos por células dendríticas a células T CD8+.

O estudo de Divangahi e colaboradores é muito importante por demonstrar mais um mecanismo onde se evidencia a interdependência entre os fenômenos celulares e a resposta imune, nesta complexa interação entre a micobactéria e o hospedeiro. Mais estudos serão necessários para avaliar se esta indução precoce da resposta imune contra o bacilo pode levar à proteção do hospedeiro contra a micobactéria. Foi demonstrado que a vacinação com Bacilo de Calmette-Guérin (BCG) é capaz de induzir uma resposta 5 dias mais precoce de migração de células T efetoras para os pulmões de camundongos desafiados com a micobactéria tuberculosa, mas apesar da redução da carga bacilar em um log a doença se produziu tanto nos animais experimentais vacinados como nos controles (4). A vacina BCG também tem uma eficácia muito variável contra a tuberculose em populações humanas, indicando que a resposta no homem pode divergir da encontrada no modelo murino.


Referências:

1. Fratti RA, Chua J, Vergne I, Deretic V. Mycobacterium tuberculosis glycosylated phosphatidylinositol causes phagosome maturation arrest. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 2003 Abr 29;100(9):5437-5442.

2. Divangahi M, Chen M, Gan H, Desjardins D, Hickman TT, Lee DM, et al. Mycobacterium tuberculosis evades macrophage defenses by inhibiting plasma membrane repair. Nat. Immunol. 2009 Ago;10(8):899-906.

3. Divangahi M, Desjardins D, Nunes-Alves C, Remold HG, Behar SM. Eicosanoid pathways regulate adaptive immunity to Mycobacterium tuberculosis. Nat. Immunol. 2010 Ago;11(8):751-758.

4. Cooper AM, Khader SA. The role of cytokines in the initiation, expansion, and control of cellular immunity to tuberculosis. Immunol. Rev. 2008 Dez;226:191-204.



Mycobacterium tuberculosis interfere no tráfico intracelular de vesículas e impede a morte celular por apoptose. O bacilo virulento inibe a fusão fagossomo-lisossomo, processo que depende da aquisição da proteína G de endereçamento intracelular Rab7 pelo fagossomo. O bacilo também interfere na exocitose de vesículas lisossomais e do Golgi para a membrana plasmática (MP), mecanismo responsável pelo reparo da MP. A exocitose dessas vesículas é dependente da elevação do cálcio intracelular, que sinaliza a receptores na superfície das mesmas (sensor neuronal de cálcio 1 – NCS-1, em vesículas do Golgi, e sinaptotagmina 7 – Syt-7, em lisossomos). A inibição da elevação intracelular do cálcio é um fenômeno bem estudado na infecção por bacilos virulentos. Por outro lado, a inibição, por esses bacilos, da síntese de PGE2 por indução de LXA4 leva à inibição da liberação de fosfatidil inositol trifosfato (PI(3)K), que media a exocitose de vesículas lisossomais e a maturação do fagossomo, e à predisposição para indução de necrose em lugar da apoptose. A apoptose do macrófago infectado também é inibida pela indução da proteína de superfície da mitocôndria Bcl2 (B cell lymphoma 2). A inibição da apoptose interfere na apresentação cruzada de antígenos e indução precoce da resposta imune, e favorece a morte por necrose, que libera bacilos viáveis, capazes de infectar novos macrófagos.

Divangahi M, Desjardins D, Nunes-Alves C, Remold HG, & Behar SM (2010). Eicosanoid pathways regulate adaptive immunity to Mycobacterium tuberculosis. Nature immunology, 11 (8), 751-8 PMID: 20622882

terça-feira, 27 de julho de 2010

A ciência explica tudo?


Science is but an image of the truth. 
Francis Bacon
Um texto interessante de Sue Blackmore no The Guardian sobre os limites da ciência. Chama a atenção logo a questão inicial. Perguntada se a ciência pode descrever tudo, respondeu que não. Para a pergunta a ciência pode explicar tudo respondeu que sim.  Porque a diferença na resposta? A ciência pode, ainda que potencialmente, explicar tudo já que o método científico (“openness, inquiry, curiosity, theory building, hypothesis testing and so on”) não deixa qualquer área fora do seu campo de ação, tudo está incluído. Mas, o que é tudo?

O terreno realmente em disputa é o da consciência, da subjetividade. 
“I cannot know whether my experience of the greenness of the grass is anything like yours. ... I cannot describe my sensations (or qualia) of greenness in any other way than to say "it looks green", implicitly comparing it with other colours in the world and using agreed names to do so. In this sense colour experiences (and smells, and noises, and tastes) are ineffable.”
Também ineffable (difícil uma boa tradução, algo como indescritível, incapaz de ser expresso) são outras sensações e experiências, incluindo as místicas. A ciência não explica estas sensações e experiências hoje, será capaz de fazê-lo no futuro? Tudo isto estará explicado com o avanço da neurociência?
A que a autora acredita é que a ciência explica, mas não descreve. Não podemos descrever todos os padrões de pelagem dos animais, mas podemos explicar os mecanismos que regulam estas expressões fenotípicas. Tendo a concordar com esta afirmativa: “conscious experiences may remain ineffable even when science thoroughly understands how and why. In this case I would be right in my intuition that science cannot describe everything but may well be able to explain that which it cannot describe”. 
Conhecer a autora talvez ajude a entender as suas reflexões. Sue Blackmore é graduada em psicologia e fisiologia (Oxford University) e um PhD em parapsicologia (University of Surrey).  Já fiquei surpreso em saber que há um doutorado em parapsicologia e mais ainda com os seus interesses de pesquisa: “memes, evolutionary theory, consciousness, and meditation. She practises Zen and campaigns for drug legalisation”.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Agencias permitem acumulação de bolsa e atividades remuneradas

A CAPES e o CNPq emitiram a Portaria Conjunta nº 1, em 22 de julho, permitindo o acúmulo de bolsas com atividades remuneradas. A nota (Portaria CNPq/Capes autoriza acúmulo de bolsa com atividade remunerada) emitida no site do CNPq esclarece que é vedado o acúmulo com bolsas provenientes de agências públicas de fomento. Além disto é necessária a concordância do orientador e este dado deve ser registrado no Cadastro de Discentes da CAPES.

Por tratar-se de medida nova, a portaria gerou dúvidas sobre como aplicá-la, pelo que o Prof. Jorge Guimarães, Presidente da CAPES, fez vários esclarecimentos no site da CAPES (Entrevista esclarece dúvidas sobre acúmulo de bolsas e atividades remuneradas), publicada por Assessoria de Imprensa da Capes (22/07/2010). O texto completo da entrevista pode ser visto no site da CAPES e abaixo colocamos alguns aspectos:

1. O que motivou a Capes e o CNPq a mudar a orientação sobre acúmulo de bolsa com atividade remunerada?
ao longo dos anos, muitas exceções foram sendo feitas, em função de razões que justificavam uma situação de permissão de estudante de pós-graduação com vínculo empregatício de terem a bolsa. Por exemplo, por deslocamento para uma distância muito grande.... Outra excepcionalidade: estudantes, que por alguma razão têm possibilidade de atuar como professor numa universidade privada ou pública, ou no ensino médio, e teriam que abrir mão da bolsa para conseguir um vínculo empregatício formal, com carteira assinada. Com esta portaria, esse acúmulo será possibilitado. Isso é bom para todo o sistema e para as instituições que têm regras para ter um número mínimo de docentes com titulação, e para os estudantes...

2. Qual a expectativa da Capes com a possibilidade do bolsista ter atividade remunerada?
Nosso principal alvo são as áreas tecnológicas, sobretudo as engenharias e a computação, uma parte da saúde, para áreas de serviços de saúde, e, sobretudo, a educação, especialmente a educação básica, embora, a portaria permita o acúmulo aos estudantes de todas as áreas, desde que a atividade remunerada seja na área de formação.

3. Com a portaria todos os bolsistas poderão ter vínculo empregatício?
Poderão. Todos os bolsistas poderão ter vínculo empregatício desde que atendidas as exigências que estão na portaria, ou seja, autorização do orientador, além de atender ao item que trata de assinalar essa condição no Cadastro de Discente e que, naturalmente, não afete o desempenho do aluno e seja uma área compatível com a sua formação. Por exemplo, se uma pessoa está fazendo um mestrado ou doutorado em licenciatura em ciências, ou filosofia, ou língua portuguesa, ou em matemática, que a sua vinculação profissional seja relativa à área de estudo. Esta é uma exigência da portaria

5. E se o orientador permitir e a coordenação do curso ou a instituição não permitir, a quem caberá a decisão final?
A instituição poderá decidir isso. Ela tem autonomia para decidir. Mas nós não gostaríamos que (essa decisão) fosse uniforme, ou dentro do curso como um todo, ou dentro da instituição como um todo.
...

10. O fato de a pessoa possuir vínculo pode ser utilizado no critério de seleção para bolsas?
Não. Não pode e nem deve. A seleção é por mérito. O que vale na seleção é o mérito do candidato.

11. As pessoas que tiveram a possibilidade de ter bolsa e abriram mão por terem vínculo, com a nova portaria, poderão reivindicar a bolsa?
Não. Isso não está previsto, porque, como eu disse, isso é para o futuro. Este caso cairia naquela regra de que todos poderão ter bolsa e não há essa perspectiva no sistema. Mas se o curso tiver quota de bolsa não utilizada, poderá concedê-la nesse caso.

12. Alunos de programas como Demanda Social, que há regulamento específico no qual impede o acúmulo de bolsa, poderão ser contemplados com a nova portaria?

Sim. Preferencialmente os futuros e, eventualmente, algum que estava em alguma situação particular, como afastamento sem remuneração e com bolsa. Mesmo assim, serão poucos casos e será necessária a autorização do orientador. Este é um projeto mais voltado para os futuros bolsistas.”

Como resultado da aplicação da portaria, é de se esperar um aumento importante de solicitações de bolsas em diversos cursos de áreas em que há oferta de empregos para pessoal sem titulação de pós-graduação. O fato de várias universidades admitirem mestres como docentes provavelmente também representará uma maior demanda por bolsas de doutorado. Considerando que a concessão de bolsas pelas agências públicas não crescerá na mesma proporção, haverá uma maior pressão sobre as comissões de bolsas nos programas de pós-graduação. Os critérios a serem adotados devem ser repensados, discutidos amplamente com o corpo discente e docente dos cursos para reduzir a tensão prevista.

Foto do Prof. Jorge Guimarães do site da CAPES.

domingo, 25 de julho de 2010

Porque somos supersticiosos?


Você já pensou porque tantas pessoas são tão supersticiosas? Porque acreditam em quase tudo? Porque acreditam ver coisas que não existem? Este é o tema da palestra de Michael Shermer (fundador e editor da Skeptic Magazine) na TED em 2010. Ele explica como este comportamento que leva à identificação de algo, por vezes, inexistente foi selecionado na evolução.
Segundo o site da TED Shermer defends the notion that we can understand our world better only by matching good theory with good science e que nós temos uma tendência ao auto-engano, valorizamos exageradamente as evidências daquilo que dão suporte à nossa hipótese.
Ouça a palestra (há sub-título em português do Brasil, se desejar) e aplique a necessária cautela ao testar suas hipóteses em ciência.


Ilustração do post.

sábado, 24 de julho de 2010

8º Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica




Até o dia 13 de agosto de 2010, encontram-se abertas as inscrições para o 8º Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica. A ficha de inscrição e demais informações podem ser obtidas no endereço: http://www.cnpq.br/premios/2010/ic/index.html

Solicitamos que as coordenações do PIBIC façam uma pré-análise e seleção de toda documentação dos candidatos de sua unidade e encaminhe a indicação de 1 bolsista de cada área descrita no regulamento do evento à COPIBIC, até o dia 18 de agosto de 2010.

A premiação  para a categoria Bolsista de Iniciação Científica do CNPq corresponderá:

a) quantia em espécie, para os três primeiros colocados de cada grande área do conhecimento;
b) bolsa de Mestrado para o primeiro colocado de cada grande área do conhecimento;
c) passagem e hospedagem para permitir a participação dos agraciados na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência  (SBPC).     

Podem participar os bolsistas do CNPq com pelo menos 12 meses de bolsa, que foram renovados e que não encerrarão suas bolsas em 2010. Os participantes devem encaminhar à coordenação do PIBIC da unidade os seguintes documentos:

a)ficha de inscrição preenchida;
b)   relatório final, com um máximo de 20 páginas (tamanho A4, corpo 12), relativo ao período JUL/2009 a JUL/2010, contendo, na folha de rosto, o nome da instituição, título do trabalho, nome do bolsista, data de ingresso como bolsista do CNPq, nome do orientador, título do projeto de pesquisa do orientador ao qual está vinculado, nome do curso, período que está cursando e se é bolsista de renovação;
c)resumo do relatório final, em no máximo uma página;
d)histórico escolar;
e)carta de recomendação do orientador sobre o perfil e atuação do bolsista; e
f)currículo atualizado na Plataforma Lattes.


OBSERVAÇÃO: Não poderão se candidatar os bolsistas que encerraram suas bolsas em 2010 ou ex-bolsistas de IC do CNPq, de anos anteriores.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Hepcidina e malária assintomática


ResearchBlogging.org
Post de Vitor Rosa Ramos de Mendonça
Em um artigo recentemente publicado na Haematologica - ‘’Increased serum hepcidin and alterations in blood iron parameters associated with asymptomatic P. falciparum and P. vivax malaria’’ (doi:10.3324/haematol.2009.019331) a hepcidina e os parâmetros de ferro são estudados na malária assintomática.
O hormônio hepcidina, dentre suas ações, inibe a absorção do Fe pelos enterócitos e interrompe a liberação deste metal pelos macrófagos através da degradação da ferroportina, o único exportador de Fe. Citocinas pró-inflamatórias estimulam a expressão da hepcidina, e esta leva às manifestações típicas da anemia da doença crônica. 
Deficiência de Fe é uma condição comum em regiões endêmicas para a malária, e suas complicações não são restritas à anemia, mas inclui dificuldade de crescimento, de desenvolvimento cognitivo e de capacidade psíquica. 
A malária assintomática é definida pela presença de parasitemia na ausência de febre ou sintomas relacionados à infecção. O objetivo do estudo supracitado foi determinar se a parasitemia assintomática induz distúrbios na homeostase do Fe.
Realizou-se um screening para a malária, através do exame microscópico, em 1197 crianças entre 5 e 15 anos da Indonésia. Destas, 73 (6.1%) foram diagnosticadas com parasitemia assintomática por P. falciparum e 18 (1.5%) com P. vivax. 17 crianças assintomáticas com exame negativo foram utilizadas como controle. 
As crianças com malária assintomática com ambas as espécies dos parasitas tiveram maiores concentrações de hepcidina que o controle, assim como altos níveis de ferritina e baixos valores de ferro sério, saturação de transferrina, capacidade total de ligação do ferro, volume corpuscular médio e hemoglobina. As concentrações séricas de IL-1ra, IL-6, IL-10  e TNF-α foram baixas, com valores abaixo do limite de detecção. A GDF15, um regulador negativo na expressão da hepcidina, não alterou entre os grupos.
O tratamento contra a malária resultou em pequenas, mas significativas, diminuições nas concentrações séricas de hepcidina e ferritina, e discreto aumento da hemoglobina.
Permanece na especulação a causa exata do aumento da produção da hepcidina na malária assintomática. Armig et al demonstrou em recentes estudos que os eritrócitos parasitados pelo P. falciparum aumentam diretamente a produção de hepcidina pelas células mononucleares do sangue periférico através de padrões de reconhecimento de receptores.
Para finalizar, o artigo destaca a importância da hepcidina. Alega que este hormônio pode se tornar uma ferramenta adequada para o screening da parasitemia e da deficiência funcional de Fe, auxiliando os programas de suplementação de Fe. 
Será que a dosagem da hepcidina terá vantagens socioeconômicas nessa abordagem? A meu ver, um exame microscópico e um bom hemograma seriam mais acessíveis, principalmente nas regiões carentes, onde, na maioria dos casos, a malária é endêmica.
de Mast, Q., Syafruddin, D., Keijmel, S., Riekerink, T., Deky, O., Asih, P., Swinkels, D., & van der Ven, A. (2010). Increased serum hepcidin and alterations in blood iron parameters associated with asymptomatic P. falciparum and P. vivax malaria Haematologica, 95 (7), 1068-1074 DOI: 10.3324/haematol.2009.019331

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Novo código de conduta científica na Europa


A European Science Foundation (ESF) acaba de lançar um novo código de conduta durante o Congresso Mundial de Integridade Científica. A EFS reune 79 organizações científicas européias e as organizações discutirão, a partir de agora como implementá-lo, embora seja voluntário. Uma das possibilidades é sua incorporação em contratos de emprego. Os líderes de projetos da ESF deverão concordar em seguir as orientações do código.

Os Oito Mandamentos (Principles) são:
Researchers, public and private research organisations, universities and funding organisations must observe and promote the principles of integrity in scientific and scholarly research.

These principles include:
honesty in communication;
reliability in performing research;
objectivity;
impartiality and independence;
openness and accessibility;
duty of care;
fairness in providing references and giving credit; and
responsibility for the scientists and researchers of the future.

Além destes princípios, há bastante material interessante. O arquivo em pdf está disponível na página de publicações da ESF.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Manipulação genética do vetor afeta desenvolvimento do parasita da malária


ResearchBlogging.org
Post de Petter Entringer
Em 2008, Kang MA e colaboradores publicaram um trabalho onde verificaram que a ingestão de insulina presente no sangue humano pelo mosquito Anopheles stephensi, principal vetor da malária na Ásia, causa uma diminuição no tempo de vida desses insetos.

Em invertebrados a insulina, e peptídeos insulina-like, atuam através da cascata de sinalização IIS (insulin/insulin growth factor 1 signiling), que tem um papel central na regulação da imunidade inata e tempo de vida em uma grande variedade de organismos. A ligação desses agonistas ao receptor de insulina leva a uma série de eventos de fosforilação que inclui uma proteína quinase chave, a Akt.

A partir dos efeitos da insulina observados no midgut (intestino) do A. stephensi os autores imaginaram que a manipulação genética de componentes chaves da cascata IIS do mosquito poderia ser uma estratégia de interferência no tempo de vida do inseto, assim como no desenvolvimento do Plasmodium falciparum.

No último dia 15, a Plos Pathogens publicou estudo do mesmo grupo onde eles avaliam o tempo de vida e suscetibilidade a infecção por P. falciparum em A. stephensi geneticamente modificados. Os insetos expressam uma variante da Akt, que está constantemente ativada, sob controle de um promotor específico do midgut. Activation of Akt signaling reduces the prevalence and intensity of malaria parasite infection and life span in Anopheles stephensi mosquitoes. (Volume 6, Issue 7, e1001003; doi:10.1371/journal.ppat.1001003)

A atividade da Akt aumentada no epitélio do midgut de uma linhagem heterozigótica levou a redução tanto no percentual de insetos infectados por P. falciparum – de uma média de 58,5% para 10.5% – quanto no número de oocistos no midgut de mosquitos infectados, que diminuiu 95%. Em uma linhagem homozigótica, de dupla expressão transgênica da Akt, a infecção dos mosquitos pelos parasitas foi completamente bloqueada após a ingestão de sangue infectado.
A taxa de fecundidade dos insetos transgênicos não foi alterada em relação aos selvagens.

A expressão da Akt diminuiu o tempo de vida dos mosquitos transgênicos. Aqueles alimentados apenas com açúcar tiveram uma redução próxima de 20% comparados com os não transgênicos – de uma média de 23,02 para 18,85 dias. Os transgênicos que ingeriram sangue tiveram seu tempo médio de vida diminuído cerca de 18% – de 21,32 para 17,44 dias. Ou seja, a diminuição do tempo de vida ocorreu independente da alimentação com sangue.

Visto que após a alimentação de uma fêmea em um hospedeiro vertebrado infectado, um parasita leva em média 16 dias para atingir a glândula salivar sob a forma de esporozoitos, o inseto tem de viver no mínimo o mesmo tempo para se tornar capaz de transmitir P. falciparum em um novo repasto sanguíneo. Isto é, apenas os insetos mais velhos possuem competência vetorial. Logo a diminuição no tempo de vida do mosquito pode interferir neste ciclo e diminuir a transmissão da malária. E de maneira mais acentuada em uma linhagem que é menos suscetível ao parasita.

Esta abordagem que emprega mosquitos geneticamente modificados que são refratários a infecção por plasmódios não é inédita. Já foi empregada por outros grupos, inclusive por brasileiros (Ito J et al, 2002; Moreira LA et al, 2002). No entanto constitui o primeiro exemplo de uma única molécula efetora, em um mosquito transgênico, que bloqueia completamente a invasão pelo plasmódio.
Esses estudos em geral visam obter linhagens de mosquitos que ao serem introduzidas no meio ambiente substituiriam os insetos selvagens e competentes interferindo assim na transmissão da malária.
Estratégias como estas, além de ser alvo de inúmeras discussões na comunidade científica, implicam na obtenção de insetos que apresentem vantagens sobre as populações naturais e que possam superá-las numa eventual seleção natural.
Os próprios autores apresentam estes desafios e vislumbram a possibilidade de linhagens transgênicas com multi-fatores, que incluam além da maior atividade da cascata IIS e da diminuição do tempo de vida, uma maior fecundidade.

Corby-Harris, V., Drexler, A., Watkins de Jong, L., Antonova, Y., Pakpour, N., Ziegler, R., Ramberg, F., Lewis, E., Brown, J., Luckhart, S., & Riehle, M. (2010). Activation of Akt Signaling Reduces the Prevalence and Intensity of Malaria Parasite Infection and Lifespan in Anopheles stephensi Mosquitoes PLoS Pathogens, 6 (7) DOI: 10.1371/journal.ppat.1001003
Ito J, Ghosh A, Moreira LA, Wimmer EA, Jacobs-Lorena M (2002) Transgenic anopheline mosquitoes impaired in transmission of a malaria parasite. Nature 417: 452–455.
Kang MA, Mott TM, Tapley EC, Lewis EE, Luckhart S (2008) Insulin regulates aging and oxidative stress in Anopheles stephensi. J Exp Biol 211: 741–748.
Moreira LA, Ito J, Ghosh A, Devenport M, Zieler H, et al. (2002) Bee venom phospholipase inhibits malaria parasite development in transgenic mosquitoes. J Biol Chem 277: 40839–40843.





segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um medicamento homeopático parece ter um efeito.... ainda que indesejado


Um medicamento homeopático parece ter um efeito...esta é a conclusão de um estudo publicado no Arch Otolaryngol Head Neck Sur. (2010;136(7):673-676. doi:10.1001/archoto.2010.111) intitulado “The Bradford Hill Criteria and Zinc-Induced Anosmia. A Causality Analysis.”

À primeira vista pode parecer uma boa notícia para a homeopatia, mas não realidade não o é.

Os autores avaliaram o uso do gluconato de zinco, indicado pela homeopatia para o tratamento de resfriados, segundo os critérios de Bradford Hill que são:


  • Força da associação;
    Consistência;


  • Especificidade;


  • Temporalidade;


  • Dose-resposta;


  • Plausibilidade biológica;


  • Coerência biológica;


  • Evidência experimental;


  • Analogia.

Os autores concluíram que há evidência da ação do medicamento: ele leva à perda de olfato (anosmia).

Considerando que ninguém quer perder o olfato para tratar um resfriado, isto já seria uma má notícia. Contudo, ainda pior é que o efeito do gluconato de zinco sobre resfriado é questionável.

Veja um vídeo sobre uma emergência tratada por homeopatia:

domingo, 18 de julho de 2010

Bolsas de pós-doutorado no NIH, Programa CAPES/NIH

Foi lançado no dia 05 de julho o Programa CAPES/NIH que aceitará inscrições de 05 de julho a 18 agosto de 2010.
A parceria entre a Capes e o National Institutes of Health (NIH), por intermédio da iniciativa denominada Research Career Transition Award, objetiva incentivar a pesquisa científica de excelência na área médica e biomédica e o empenho mútuo na educação e formação da próxima geração de cientistas brasileiros e norte-americanos. O NIH é uma agência vinculada ao Department of Health and Human Services dos Estados Unidos, desempenhando um papel altamente relevante em ações de apoio a descobertas científicas que estimulem o progresso na área de saúde.
O Programa Capes/NIH tem seu foco central na mobilidade de estudantes de pós-doutorado sob a perspectiva de proporcionar o acesso de jovens pesquisadores a uma formação científica de alto nível e garantir-lhes as devidas condições para o prosseguimento em uma carreira independente de pesquisa. Além disso, tem como objetivo construir colaborações de longo prazo, assegurar o retorno dos pesquisadores ao Brasil após a formação e estimular a publicação conjunta das descobertas das pesquisas.
As candidaturas devem ser apresentadas: 
  • individualmente por doutor brasileiro, cujo título tenha sido obtido há pelo menos 5 (cinco) anos. 
  • A proposta deve incluir, entre outros requisitos, um projeto de pesquisa já aceito por um dos institutos do NIH. 
O processo seletivo é composto de 3 (três) etapas: 
  • análise documental e de mérito, 
  • priorização e 
  • seleção final pela CAPES, mediante apresentação de proposta de apoio de tutor do NIH. 
As atividades do Programa estão estruturadas em duas fases, consistindo a primeira de 2 (dois) a 3 (três) anos de treinamento no NIH e a segunda de 2 (dois) a 3 (três) anos de pesquisa ou atuação docente junto a universidade ou instituto de pesquisa no Brasil.
BENEFÍCIOS
  • Bolsa mensal
  • Auxílio instalação
  • Auxílio deslocamento
  • Seguro saúde
  • Apoio institucional do NIH
Inscrições:
De 05 de julho a 18 agosto de 2010
Veja na página da CAPES (aqui)